O lendário técnico e locutor de futebol americano John Madden morreu nesta terça-feira (28) aos 85 anos, informou a Liga Nacional de Futebol Americano (NFL, na sigla em inglês).
Em 10 temporadas treinando os Raiders, o time sempre teve mais vitórias do que derrotas e chegou aos playoffs oito vezes. Em janeiro de 1977, a equipe venceu o Super Bowl XI, derrotando o Minnesota Vikings por 32 a 14.
Em um comunicado, o Raiders escreveu: “Poucos indivíduos significaram tanto para o crescimento e popularidade do futebol profissional quanto o treinador Madden, cujo impacto no jogo tanto dentro quanto fora do campo foi imensurável”.
Ele foi indicado para o Hall da Fama do Futebol Americano Profissional como treinador em 2006. “Nunca trabalhei um dia na minha vida. Fui de jogador a treinador e a comentarista e sou o cara mais sortudo do mundo” , disse ele em seu discurso.
Madden trabalhou como comentarista por mais de 20 anos para a FOX, CBS, ABC e NBC. Ele ganhou 16 Emmys como Personalidade Esportiva de Destaque / Analista de Eventos Esportivos.
Seu nome está ligado a uma das séries de videogames esportivos mais vendidas – Madden NFL – que começou em 1988 como John Madden Football. E os jogadores mais valiosos da liga em cada posição por temporada fazem parte do “time All-Madden”.
Na TV e nos games
A partir de 1979 John Madden encararia uma nova etapa em sua vida, a de comentarista e analista na televisão. Contratado pela CBS Sports, ele rapidamente se destacaria por dois fatores: o seu profundo conhecimento do futebol americano e a facilidade em explicar mesmo as táticas mais complicadas.
Sujeito de fala marcante e muito carisma, ele caiu no gosto dos telespectadores, sendo ainda o pioneiro no uso do Telestrator, aquela técnica em que um comentarista faz desenhos a mão livre na tela para demonstrar uma jogada e que se tornou bastante comum nas transmissões da NFL, sendo utilizada até hoje.
Tamanho sucesso o levou a trabalhar em todas as grandes redes de televisão norte-americanas, lhe garantido o Emmy Awards por 16 vezes. Contudo, o que alavancaria o nome Madden a um outro patamar só começaria a acontecer em 1984, quando uma empresa chamada Electronic Arts o procurou.
Enxergando nos esportes uma área pouco explorada pelos games e uma excelente oportunidade para aumentar o faturamento de sua desenvolvedora, Trip Hawkins passou a contactar nomes famosos para escorar suas criações. Ele já havia sido ignorado por Joe Montana e Joe Kapp, então a próxima tentativa seria com o ex-técnico dos Raiders, mas a tarefa de conquistá-lo não seria fácil.
Embora tivesse ficado interessado na possibilidade de usar um jogo eletrônico para ensinar o futebol americanos as pessoas, John Madden por pouco não recusou a oferta e o motivo estava na impossibilidade do esporte ser recriado da maneira mais fiel possível a realidade.
Devido as limitações técnicas das máquinas na época, a EA o havia informado que só seria capaz de colocar seis ou sete jogadores em cada equipe. Madden bateu o pé, insistindo que se a desenvolvedora não chegasse a equipes com 11 atletas, ele não permitira que a produção utilizasse seu nome.
Aquilo fez com que a vida dos programadores da Electronic Arts se transformasse em um inferno, mas após vários anos de testes e aperfeiçoamentos, em 1988 o Apple II, o MS-DOS e Commodore 64 receberiam o fruto de tão árduo trabalho, um jogo chamado John Madden Football.
O título conseguiu conquistar muitos admiradores, principalmente por reproduzir o futebol americano de maneira tão realista. Um dos motivos para isso estava na grande quantidade de jogadas possíveis, o que pode ser creditado ao fato de Madden ter dado à EA o playbook que o Oakland Raiders usou na temporada de 1980, mas também pela contribuição de Frank Cooney, um escritor do San Francisco Chronicle que ficaria responsável por dar pontuações aos jogadores de acordo com suas habilidades.
Contudo, devido à complexidade da interface e das próprias jogadas, o jogo teve vendas apenas medianas e não ajudou o fato de que, devido a exigência de ter 22 atletas na tela, toda a ação nos campos ocorria numa velocidade um tanto baixa.
A situação da franquia só mudaria mesmo em 1990, quando a EA lançaria para o John Madden Football para Mega Drive. Contando com um efeito que imitava 3D e uma velocidade muito mais alta, a expectativa da empresa era de que 75 mil cópias fossem vendidas, mas o resultado foi mais de cinco vezes superior a este número. O jogo se tornaria o primeiro grande sucesso daquele console, ajudando a Sega a conquistar um mercado que era dominado pela Nintendo.
Já a mudança de nome para Madden NFL só aconteceria em 1993, quando a EA adquiriu os direitos para utilizar nomes, logos e jogadores da liga. Até hoje a série é a única a poder fazer isso e com seus ininterruptos lançamentos anuais, estima-se que até 2013 ela tenha gerado mais de US$ 4 bilhões de lucro desde então, com mais de 250 milhões de cópias tendo sido vendidas.
No entanto, há um aspecto mais importante na história tanto do ex-técnico, quanto da franquia que carrega seu nome, que é a popularização do esporte.
Fonte: CNN
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